domingo, 11 de julho de 2010

Cientistas criam modelo para estudar a 'respiração' da Terra


Segundo o estudo, as plantas absorvem 122 mil milhões de toneladas de dióxido de carbono por fotossíntese a cada ano

O ciclo de "respiração" da Terra, ou a interacção entre a vegetação do planeta e a atmosfera, é peça fundamental no estudo das mudanças climáticas, mas até agora a maneira como se dá essa interacção estava envolta em incertezas. A complexidade dos processos envolvidos impedia a elaboração de modelos climáticos precisos para, por exemplo, prever o clima que o mundo terá daqui a algumas décadas. Mas agora duas equipas internacionais de cientistas foram capazes de criar modelos para determinar parâmetros essenciais da respiração do planeta.

Esses modelos foram criados reunindo dados obtidos durante dez anos em 250 estações da rede Fluxnet - um projecto que acompanha o intercâmbio entre os ecossistemas terrestres e a atmosfera. Segundo os modelos, as plantas absorvem 122 mil milhões de toneladas de dióxido de carbono por fotossíntese a cada ano - 34% deste total é absorvido pelas florestas tropicais, 26% pelo cerrado, mesmo que estas últimas ocupem o dobro do território.

Um segundo estudo mostra que a quantidade de CO2 exalado por ecossistemas não só depende de variações de temperatura, mas também da água disponível. Especialistas explicam que estes dois estudos são essenciais para melhorar a compreensão das alterações climáticas, porque, como afirmam os cientistas do Instituto de pesquisas Max Planck, na Alemanha, "o clima é muito temperamental, muitos factores estão envolvidos e vários mecanismos de interação potencializam processos como o dos gases de efeito estufa provenientes da atividade humana".

Graças a medidas contínuas que foram tomadas em diferentes partes do mundo pelas estações da Fluxnet, os cientistas conseguiram dados sobre a quantidade de carbono fixado na fotossíntese das plantas e como elas libertam este mesmo carbono na chamada 'respiração'. Os resultados das investigações das duas equipas, lideradas por cientistas do Max Plank, foram divulgados na revista Science.

O trabalho desses investigadores não só permite uma avaliação global do CO2 que é fixado na fotossíntese das plantas (conhecida como a Produção Primária Bruta, ou GPP, na sigla em inglês), mas também detalha a sua distribuição espacial. "O GPP contribui para o bem-estar humano, como base para a produção de alimentos, fibras e produção de madeira. Além disso, juntamente com a respiração das plantas, é um dos principais processos de controle do intercâmbio de CO2 entre o solo e a atmosfera, dando aos ecossistemas terrestres a possibilidade de compensar, em parte, as emissões de origem humana", disse o cientista Christian Beer em entrevista à Science.

O segundo estudo centra-se directamente na respiração dos ecossistemas e os factores que a acentuam. Embora tenha havido especulações sobre a influência marcante das mudanças de temperatura neste processo metabólico pelo qual os organismos devolvem o CO2 para a atmosfera, os resultados apresentados até agora surpreendem até mesmo os autores da pesquisa, a respiração dos ecossistemas é pouco sensível às mudanças na temperatura do ar, mas é muito sensível às precipitações.

A equipa do investigador Michael D. Mahecha analisou 60 diferentes ecossistemas e considerou que "a disponibilidade de água desempenha um papel determinante no ciclo de carbono dos ecossistemas." Eles analisaram savanas, áreas de florestas tropicais, os ecossistemas agrícolas e os bosques da Europa Central e ficaram muito surpresos com o facto de que todos eles reagem de forma muito similar às mudanças de temperatura.

fonte: terra

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